domingo, fevereiro 21, 2010

Enganas-me?

O corpo... o bastião da nossa existência, ou assim o dizem... uma máquina complexa com regras próprias, que escapam ao entendimento humano. Chamam-lhe de "nosso", "nosso" corpo ... como se nos pertencesse, fosse nosso sem qualquer limite... haverá algo verdadeiramente nosso? seremos nós propriedade de nós mesmos?
Fruto de homens, a sociedade enraíza essa ilusão em nós... de que o corpo nos pertence, de que temos poder sobre ele. E sim, é verdade que algum poder temos... conseguimos leva-lo ao limite, conseguimos contraria-lo... mais para o mal do que para o bem... mas aquele poder que nos dá liberdade, livre-arbítrio? Temos?
Não... não conseguimos dizer ao coração para não bater ou ao cérebro para não pensar, sem o forçar... simplesmente não conseguimos... a realidade é que o nosso corpo tem existência própria... é incontestável que, por vezes, parece nosso... lágrimas correm pela nossa face em momentos de dor... os nossos lábios contraem-se para formar sorrisos quando nos sentimos bem... mas esses sinais, essas evidências não são mais que meras ilusões... ilusões que o "nosso" corpo gera em nós numa estratégia maquievelica, cujo o único intuito é manipular-nos a acreditar que efectivamente temos poder sobre ele... afinal, se não tivermos poder sobre nada neste mundo, se não controlarmos sequer o nosso coração, para quê viver? Senão existem real liberdade, se vivemos todos enclausurados nestas quatro paredes biológicas, para quê respirar? Não creias nele... não creias nas tuas lágrimas, nos teus sorrisos, no bater rápido do teu coração quando te emocionas... tudo se resume a sombras... enganos... na realidade, o teu corpo só almeja a auto-preservação... e tu, com o teu livre pensamento estás no seu caminho...
Mas esquece... não ligues ao que eu digo...

2 comentários:

Papa disse...

Se o corpo é "meu"? Se a liberdade não passa de uma ilusão?

O corpo é meu enquanto factores externos o permitirem que seja. Porque havia de acreditar que não é meu? Posso aventurar pelo labirinto da análise filosófica sobre a questão. Prefiro no entanto, podendo cair no erro de estar errado, acreditar que o corpo é emprestado, pelo qual tenho limite de utilização, sem seguro que o cobre eternamente, e com todas as suas limitações e capacidades, fica a meu cargo, para uso e abuso.

Se "ter" o corpo faz parte de ser livre? Não sei, mas gosto de pensar que a mente é que determina a liberdade e não o corpo. Isto é, se há algo que possa determinar a liberdade de um individuo.

Será que viver resume-se a "valer a pena"?

su..... disse...

Dizer que algo é nosso enquanto factores externos.... significa que não é realmente nosso...

Gostas de pensar que a mente é que determina a liberdade... mas se a mente não é livre, que liberdade pode ter? A nossa mente não é por acaso influenciada por quimicos segregados pelo corpo?

E será que a vida não se resume a valer a pena? Talvez haja quem não pense nisso e outros que pensam demasiado... mas se não há uma razão, então vive-se porque sim... como se poderia não viver... isso seria ser alienado... nem viver seria.. seria deixar viver...