quinta-feira, maio 15, 2008

Saudades



Tenho saudades do campo…de passear sem limites, sem preocupações…de correr, de andar sem rumo…de cair na terra, rebolar-me e saborear a vida na palma das minha mãos…na realidade só encontro a minha essência, a minha razão de existir no campo…no meio do chilrear dos pássaros, numa caminhada debaixo de uma torrente de chuva, num trocar de olhar com uma ovelha…só ai a vida me toca…me passa por entre os dedos…me queima a pele…me mostra que a minha existência faz tanto parte do grande plano como uma flor pela qual passo ou num lago onde me detenho…e é essa tranquilidade de existir que sinto…essa noção de que no fundo, tudo faz sentido, tudo faz falta…e que, na realidade, existir é o maior privilegio porque me permite contemplar tudo o que existe…só na existência de tudo…a minha faz própria sentido...


quinta-feira, maio 08, 2008

Escorre....

O tempo passa estupidamente alheio a tudo o que o rodeia…Tentamos interferir nele, fazer com que se mova mais rápido …ou mais devagar, consoante a nossa vontade…mas ele continua…sempre igual a si mesmo…sem perdoar a nada nem a ninguém…O sol nasce…põe-se…e já nos habituamos a esse ciclo sem fim, que, à excepção de algumas nuances, se mantém inalterável de tal forma, que um dia acordamos, olhamo-nos no espelho, e reparamos que já nos resta pouco tempo…afinal de contas, todos guardamos religiosamente uma pequena mão cheia de tempo…que é limitado…e que muitas vezes nem sequer conseguimos evitar que nos fuja pelos dedos…com frequência, temos até os dedos afastados e ele escorre por entre eles como água…Que andamos nós a fazer com o que nos resta?

terça-feira, maio 06, 2008

Não sei porque...

Não sei porque escrevo....talvez pensem que escrevo para ser 'ouvida' por alguém...outros poderão pensar que o faço por catarse, como uma forma de afastar de mim o infindável negrume que me circunda e atormenta. Para ser sincera, não sei porque escrevo, não consigo nunca chegar a conclusões, nem sequer a soluções, após rever os meus escritos. Talvez escreva para afirmar que existo...que a vida que me é roubada na realidade existe algures, nem que num mísero pedaço de papel. Perguntam vocês se um pedaço de papel pode constituir prova da existência de alguém....Não sei, mas também não sou a pessoa mais adequada para responder a essa questão. Só posso atestar que tem sido essa personagem de papel, frágil, inacessível, instável, que me ajuda a acreditar que ainda vivo e respiro…É pateticamente a única forma que encontro de existir...