sábado, setembro 23, 2006

Asfixia...

Sinto-me sem ar…o meu corpo luta por oxigénio mas não consigo…não consigo respirar…não me restam mais forças…abateu-se sobre mim uma onda tão forte de solidão que simplesmente aniquilou tudo o que me dava vida…tudo o que me permitia continuar a ser eu…mesmo sendo uma existência estranha não deixo de pensar nos incontáveis momentos que ainda iria viver…nas histórias que ia criar…mas talvez seja melhor assim…não penso…não sinto…não magoou...não provoco sequer o mínimo sopro na vida de alguém..encontro-me assim…imóvel…conformada...à espera do inevitável segundo em que deixe de existir…em que perca a consciência...

sábado, setembro 09, 2006

Dor...



Pudesse a minha dor falar,
E ouvirias os meus gritos,
Profundos, inumanos ruídos,
Que não param de me rasgar;

Mas choro no silêncio profundo,
Sem lágrimas, sem paixão,
Sem vigor, sem contestação,
Sozinha algures num outro mundo;

E tu não sabes,
Não conheces,
Não sentes...

E eu morro,
Assim,
Mais um bocadinho...

Procura-se um eu perdido algures...

Sinto-me ausente, perdida…procuro-me e não sei onde estou…sigo o rasto da musica que te acompanha na esperança de me encontrar junto a ti…mas tenho medo de ir atrás…de seguir os teus passos…os bocados de ti mesmo que vais deixando para trás…porque me fazes perguntas às quais possuis as respostas? É um jogo injusto...Porque parece que conheces dentro de mim um segredo que nem eu sei que existe? Porque é que o meu ser parece ser um livro aberto para ti? Sem recantos, sem refúgios onde me possa esconder….Perturbas-me…Quem és tu? O meu eco?

terça-feira, setembro 05, 2006

Banco...de jardim...



Quero ser um banco…de jardim…não daqueles de pedra ou betão que se encontram nos jardins modernos…que não contam histórias, que não marcam vidas…quero ser um daqueles de madeira e ferro…pintados de verde, com a erva a crescer por entre as pernas…quero estar num jardim cheio de cor…de flores…de cheiros…onde se sente a vida a brotar…quero ser daqueles bancos onde um velhinho se senta para descansar durante o calor indolente da tarde e aproveita para recordar memórias de outros tempos, de outras vidas…quero ser daqueles bancos onde casais de namorados fazem juras de amor eterno e deixam em mim gravada a marca da sua paixão…quero estar num jardim pequeno…junto a ruas onde as pessoas não são apenas o vizinho do 3º Esquerdo ou do 2º Direito mas sim a D.Mariana, o Sr. José…um oásis de humanidade no meio de uma selva urbana…Quero ser…simplesmente…um banco de jardim...

segunda-feira, setembro 04, 2006

Tempos perdidos



Procuro dentro de mim por recordações de quando o mundo era um lugar envolto numa névoa…inconstante, misterioso…intemporal...uma permanente descoberta...onde eu era ainda um bocado de barro por moldar…e estava pronta para que usassem em mim escopros, pinças, serras, tudo o que fizesse de mim alguém…alguém diferente…que valesse o ar que respira…que fosse audaz e corajoso para determinar o seu próprio destino…sem vergonhas…sem limites...tenho saudades…podia ser azul de manha …branca ao meio dia…e vermelha à noite…tinha um mar inteiro na minha mente para preencher de experiências…não tinha medo de mim…da minha imagem distorcida no espelho…do meu eu…e assim os minutos passavam…lentamente…e eu mastigava-os, cheirava-os, tacteava-os…não eram somente um ponteiro frio que se move, implacávelmente, a um ritmo sempre igual…sem vida…Onde andam esses minutos? Como os recupero? Como reencontro em mim esses tempos? Alguém sabe?