domingo, novembro 23, 2008

Continuação de 'Coisas'....

Uma gota de água, caída dos meus cabelos molhados, percorre-me as costas…sinto-a ganhar terreno, a desviar-se a cada obstáculo que encontra… será que o seu percurso tem alguma relevância? Se ela se desviar para a direita, ou para a esquerda, quais serão as consequências? E se ela simplesmente desaparecesse…ou até passasse para outra superfície…um chão, um tecido, um corpo, que impacto teria essa nova realidade? De uma gota de água…talvez não venha grande mal …mas e se for de uma vida? Qual o impacto de uma vida, se vira à direita ou à esquerda? É interessante que, antes de escrever ‘se vira à direita’ escrevi ‘se decidisse virar à direita’…é hilariante, até ridículo, que eu possa ter cometido esse erro tão infantil…já tenho idade, consciência, experiência, sei lá o que, para saber que neste mundo, não se decide nada…simplesmente se esbarra com os caminhos…haverá alguém que decide? Não sei, talvez… mas é inútil sequer sonhar, que somos nós que as tomamos… e no entanto, sempre é mais fácil descer a acreditar que efectivamente decidimos alguma coisa… Mas é interessante, como no nosso mundo somos tão impotentes como uma gota de água que escorre… não há nada que possa fazer para travar a sua descida… é como o tempo que passa sem que o controlemos…simplesmente passa…e não há nada que possamos fazer sobre isso… é verdade que no aspecto físico, lá vamos investindo esforços para que o exterior não se degrade tanto…é como se tentássemos impedir que a descida em direcção ao final surtisse efeito sobre o nosso exterior… agora, sobre o interior físico, ou mais importante, relativamente ao nosso interior incorpóreo, é uma luta ingrata… pelo menos… hum… a menos que… bem… haverá algum ambiente gravidade zero no mundo do incorpóreo?

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre a ideia do destino ou da escolha:

Ia a caminho de um determinado sitio - quando pensei que - ao escolher um outro caminho, se não estaria a ir contra o destino através de uma escolha minha nunca antecipada. Depois pensei, que mudar de caminho, poderia ter sido também antecipado e parte do destino. Assim tornou-se impossível saber se estaria a fazer uma escolha ou a fazer algo que já estava "escrito".

Por não conseguirmos dar uma resposta, pensar que a vida é uma série de escolhas e decisões nossas ou que tudo está determinado, não é no fundo o mesmo?