segunda-feira, março 03, 2008

Ruídos Silenciosos...

Quando penso em quem sou quando estou com outras pessoas fico intrigada...olho para mim e não me reconheço...pareço ser uma pessoa com problemas, mas que ri, que brinca, que encerra alguma magia dentro de sí...nada como a imagem que tenho de mim mesma...uma pessoa triste, desesperançosa, que suga toda a alegria de quem a rodeia...sou um enigma para mim mesma pela simples razão que não sei quem sou...não sei de que material sou feita...reconheço a minha face num espelho...sim...posso dizer mil características minhas, que apenas me definem como cidadã...o meu número de BI, o meu número de contribuinte...posso também citar outras características...físicas, por exemplo...posso dizer que tenho cabelo castanho, olhos rasgados, igualmente castanhos...mas quando começo a tentar descrever-me psicologicamente, não tenho palavras...se me extraissem o involucro e me colocassem em frente a um espelho, penso que não saberia quem era...não sei que forma tem o meu ser interior...não sei sequer se tenho limites, se não passo de extensão de outros seres...posso ser como o ar, que se expande com o calor...posso fazer parte de mil e um seres, e assim constituir a natureza...sei lá...posso até não existir...bem...segundo decartes, o simples facto de eu estar a escrever estas palavras é prova de que existo...será realmente assim? Não posso eu estar a viver na imaginação de um ser pensante? Não pode a minha pele, rosto, corpo, pensamento, ser apenas um mero fruto de uma mente fértil? Assim sendo, os meus pensamentos não passariam de pensamentos de outro ser qualquer...e eu não tinha qualquer existência...e os sentimentos? A dor? Não pode ser utilizada como critério para avaliar a minha existência? Será que se eu sinto, eu existo? Ou até mais especificamente, será que se eu sofro, eu existo? Será que a dor não passa de uma prova menos feliz de que existo? E se eu não sofrer? E se eu não sentir? E se eu não pensar? Não existo? O que é existir afinal? Algo que só posso saber que acontece como consequência de algo? Não o consigo definir de uma forma simples e clara, sem recurso à observação de 'sintomas' de que existo? Existir? O que é? Alguém sabe? O que acontece quando não existo? Como é que diferencio o não existir do existir? Posso eu dizer que se não penso, não sinto, não respiro, não existo? Como posso eu chegar a tal conclusão? Como é que sequer posso alguma vez ter consciência de que não existo? Bem...acho que é melhor ir reflectir sobre o estado do tempo...ou que filmes vão passar na televisão hoje...Estou cansada de existir por hoje...

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