sexta-feira, agosto 10, 2007

Noite Sombria

Fui novamente confrontada com aquilo que não consigo aceitar nem quero...a morte...o final...o desfecho de uma vida...sei que a humanidade tem subjacente o conceito da morte...afinal de contas, um humano é um mortal...porque não somos um vival? é curioso como na forma como nos descrevemos a nós mesmos está intrínseca a ideia de um final, de uma validade...como se isso nos distinguisse daquilo que em crianças somos, nem todos sim, mas a maioria, habituados a pensar...que somos como o fogo eterno...não temos fim...que vivemos num conto de fadas com o 'e viveram para sempre felizes'...se a parte do feliz é, muito possivelmente, um engano, então a parte do 'para sempre' é mais que isso, é uma ofensa, é uma violência, é um sacrilégio...é uma mentira atroz que deixa marcas profundas num ser...nenhuma criança deveria acreditar nisso...que engano...sim...poderão contestar as minhas palavras citando a vida eterna em Cristo...sim, é verdade...mas não exclui a morte do físico...do ser...agora que recordo algumas ideias contidas num dos livros do António Damásio, sinto um arrepio na espinha...se não há uma separação clara entre alma e corpo, algo defendido no "Erro de Descartes"...então não é só o corpo que morre, senão a alma....
Penso em mim...qual o gozo de ler um livro do qual já se conhece o final triste? Para quê ver um filme que, de antemão conseguimos prever as últimas imagens? Para quê viver assim, se é já garantido que nos espera, no final, alguém do qual não conseguimos fugir? O que interessa no fim?
Fico-me com as palavras do sábio William of Baskerville:
-'How peaceful life would be without love, Adso. How safe... how tranquil...and how dull.'

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