sábado, junho 23, 2007

Tarde...

No meio do bulício das compras, a minha mente fervilha... está inundada de roupas, sapatos, malas, brinquedos... eu sei lá mais... tudo serve para me distrair do meu interior, que é o que verdadeiramente me atormenta. Passeio erraticamente pelos corredores, sem qualquer destino específico... aqui e ali vejo algo que me chama a atenção e, num momento de alivio, desvio o olhar de mim para qualquer coisa que ache interessante... desço as escadas rolantes num estado de dormência, de alienação do mundo. Subitamente, as pessoas à minha frente começam a andar e eu, de forma inconsciente, inicio igualmente a marcha, como se alguém tivesse accionado uma parte específica do meu cérebro, sobre a qual não tenho qualquer controlo. Continuo e começo a pensar no poder que o conformismo parece ter sobre mim. Serei eu outro alguém? Serei eu mero espelho de um arquétipo da sociedade? Existo? Perguntas dificeis no meio de tanta camisola, calça, top...
Sento-me e ao meu lado, uma pessoa, uma mulher, pergunta-me se a mesa adjacente está ocupada. Respondo que não, ela afasta a mesa para o outro lado, pousa um conjunto de revistas acabadas de comprar e senta-se....Tranquilamente, a mulher pega em cada uma e retira a etiqueta do preço... presumo que seja algum hábito antigo pela rapidez e destreza com que o faz... depois, escolhe uma e arruma as restantes num dos cantos da mesa, com o cuidado que de fiquem perfeitamente alinhadas... como se todo o seu mundo ruisse caso uma delas estivesse um centimetro fora do lugar...Uma imagem faz-me regressar a mim... os meus olhos enchem-se de lagrimas silenciosas, reveladoras do sofrimento que contenho... alheia à minha pessoa, a mulher continua com o seu ritual de folhear revistas, possivelmente algo que faz às 20:30 horas de todos sábados, de todos os meses, anos e séculos... Não dedica grande atenção que que lê, mas continua de uma forma obstinada, como se procurasse naquelas páginas o segredo da vida... Pudesse ela partilhar comigo o que tanto busca... Subitamente, guarda as revistas na mala, levanta-se e vai-se embora... Mais tarde, olho para a mesa abandonada numa tentativa de rever os ultimos momentos... tento procurar uma marca, um sinal de que a mulher ali esteve e constato que a mesa está perfeitamente encostada à parede, assim como a cadeira, que descansa alinhada com a mesa, certamente à espera de um outro alguem... tudo ficou alinhado... maior contraste com a minha vida não há... sucumbo...

sexta-feira, junho 08, 2007

Medo...estás ai?


Tenho medo de existir,
Tenho medo,
Tenho medo,
Simplesmente tenho medo.

O terror cresce sem controlo
pelas paredes do meu ser,
Entranha-se no meu intimo,
E faz parte de mim.

São estas palavras minhas,
ou serão elas do medo?
Perguntas-lhe tu?
Ou pergunto-lhe eu?

quarta-feira, junho 06, 2007



O vento sussurra-me os meus contornos…
Passa energicamente pelos meus cabelos,
Que, totalmente entregues,
Dançam de uma forma incondicional…

Recorda-me cada aresta do meu ser…
As minhas pernas, os meus braços…
Cada centímetro da minha pele
Se rende neste momento de prazer...

Num estado de total dormência
Onde me misturo com o mundo
Descubro a minha real essência,
Mar, vento, terra, sou tudo ...

E nesse instante de ilusão
Abro as minhas asas,
E lanço-me na imensidão

terça-feira, junho 05, 2007

Fading away...




I have been fighting
Against everyone
Including myself
But all is lost

I cannot recognize myself
In the madness of all this
My body, my soul
Its just another piece of this world
It´s not me...
It´s not me...

It´s so easy to detach
Can i just fall asleep,
And never wake up again?

quarta-feira, maio 23, 2007



Estou a perder-me…sinto-me nitidamente a ir abaixo…psicologicamente já quase não existo…só ainda persiste o físico…a dor que sinto é tão forte que é neste momento a única coisa que me demonstra que existo…não tenho nada mais…sou como um castelo de cartas… um colosso de estabilidade à espera de uma pequena corrente de ar que deita tudo abaixo…já perdi a capacidade de reconstrução…não há mesmo nada…é apenas uma questão de tempo...

terça-feira, maio 01, 2007

Tomás , o coração de ouro!




Era uma vez um menino que tinha um coração de papel. Chamava-se Tomás e era um bom rapaz, simpático, atencioso, sempre pronto a ajudar outras pessoas. Toda a gente crescida da aldeia gostava dele, só os meninos não gostavam. Estavam continuamente a meter-se com ele, devido à sua diferença…sim, era uma característica que implicava muitas restrições. Suponho que ter um coração de papel não deve ser fácil, não se pode apanhar chuva, não se podem fazer esforços…enfim, não se pode muita coisa porque é muito frágil. No entanto, mesmo maltratado, o Tomás ansiava por poder brincar com os outros meninos, também ele queria sujar a roupa, correr e perder-se no meio de um prado cheio de espigas de trigo, descobrir o prazer de sentir as gotas de chuva a embater no corpo…e começou a achar que não valia a pena viver…como se a sua felicidade dependesse unicamente de ter um coração igual a tantos outros, que bate e vive. Triste e desanimado, Tomás partiu em busca de alguém que lhe fizesse um transplante ao coração…procurou por todo o mundo, até que encontrou um médico, já com alguma idade, que lhe disse que era muito bom ele ser assim, até tinha vantagens…ter um coração de papel significava que não envelhecia, não se tornava mais lento e pachorrento como os corações das pessoas normais…e como não batia, nunca deixava de bater…E o Tomás pensou, repensou e chegou à conclusão de que ter um coração de papel poderia até ser uma coisa boa…ora se o papel já existe desde o tempo da antiguidade, isso quereria dizer que ele teria uma esperança de vida muito superior à das outras pessoas. Assim, poderia fazer o bem durante muitos e longos anos. Por isso, o Tomás encheu-se de coragem e regressou à sua aldeia…lá os meninos já não eram meninos... Eram agora velhotes, com longos cabelos brancos que testemunhavam a passagem do tempo. Quando o viram, encheram-se de alegria por rever aquele amigo há tanto desaparecido e pediram-lhe desculpa pelas maldades que lhe tinham feito. Explicaram que o tinham maltratado apenas porque não percebiam o que era ter um coração de papel, mas que, com o passar do tempo, tinham percepcionado que o coração de papel dele valia mais que os seus de carne. Tomás, ao perceber o quanto tinha sido amado, ficou sensibililizado. Entendeu nesse momento que a sua longa busca por um sentido na vida, por uma explicação, o tinha privado de tanta coisa na vida que agora queria aproveitar o resto que tinha. E assim, passou muitos e longos anos a cuidar dos seus amigos…idosos por fora…crianças por dentro.

domingo, abril 29, 2007

Gato...


Olho para o meu gato que, ao pressentir o meu olhar, vira o focinho para mim e me olha dizendo 'Sim dona...estou aqui'...regressa à mesma posição de antes, certo de que a vida no segundo seguinte será igual ao segundo anterior. Como é preciso pouco para ele se sentir feliz...alguma atenção, comida, água e um sitio para aliviar as necessidades fisiológicas...carinho, sim...também precisa de carinho...e a prova de que o recebe é que, quando chego a casa depois de mais um dia estafante de trabalho, ele mostra a sua alegria através de rebolares incessantes no sitio mais inoportuno, que decerto impede que eu faça algum movimento capaz de me distrair...digamos que sou encurralada algures na casa para receber as suas manifestações de contentamento...e como é bom...faça chuva, faça vento...estando alegre ou triste, ele está lá...com a mesma energia, sem pedir muito, a mostrar que está para os bons e os maus momentos...como é bom ter um gato...ter o meu gato!


Obrigada TiCa...

sexta-feira, março 30, 2007

Detesto-me!!!!


Sintetizando…após grande e profunda análise cheguei à conclusão de que não gosto de mim…ou mais especificamente, me detesto…se me pedissem para definir aquilo que eu mudaria e o que não mudaria no meu ser, a comparação desses dois universos é tão infinitamente ridícula que faria um ser sem boca sorrir…eu mudaria tanta coisa em mim que deixaria de ser mim…o que confesso, seria um grande alivio…para o mim e para a humanidade, com toda a certeza…será que se eu ganhar o euromilhões me deixam mudar de corpo, deixando, de preferência, toda a minha complexidade para outro desgraçado que a ela quisesse aceder? Pobre sina…mas existem loucos para tudo, certo? Alguém que conviva comigo por gosto tem necessariamente que ter uns parafusos a menos e uma vontade intrínseca de sofrer…Talvez ache que só através do sofrimento se atinge a sabedoria e o conhecimento…Não sei…mas eu por mim, na minha humilde opinião, já tive o suficiente desse ingrediente da vida…é obvio que sofrimento é o que mais há por ai…mas existem diferenças consideráveis na forma como se vive …existem dois mundos completamente distintos que orbitam à volta do sofrimento….os que sofrem e aguentam…e os que sofrem e não aguentam…e quis Deus que eu pertencesse ao segundo…ou talvez não, talvez eu tenha desistido e, sem grande coragem, me tenha aproximado como quem não quer nada do segundo grupo…assim de mansinho…e sem fazer frisom…também temos que ser realistas, certo? No meio é que eu não podia ficar…Calhou assim…enfim…coisas da vida…ou não...

quinta-feira, março 22, 2007

Talvez ...



Será a minha mente um poço sem fundo…que se perpetua como o tempo que é e sempre será? Quero deitar uma pedra e ouvir o resultado…será o eterno silêncio ou poderá a pedra atingir um fundo? Não sei…Já incidi luz sobre o vazio…mas ela foi absorvida…como se de um buraco negro se tratasse…Não conheço as suas profundezas…não sei o que contém…se guarda água, ar…ou sonhos…talvez um dia eu venha a conhecer a sua essência…talvez...


terça-feira, março 20, 2007

Bah!!!!

Estou farta de mim…farta, farta, farta!!! Raio de bicho insatisfeito…no dia em que for possível fazer transplantes de cérebro ficarei feliz…faço um com o meu gato e fica tudo resolvido…fico com as terríveis preocupações dele…se tenho água para beber, comida para comer, e um sitio quentinho para dormir…porque tenho eu que ser assim? Porque me fizeram assim? Não poderia ser uma pessoa simples, com pouca complexidade, que pudesse fazer shut down ao cérebro de vez em quando? Olho lá para fora…vejo um dia bonito, cheio de sol, de ar fresco misturado com uma pitada de verão…e procuro imediatamente algo em mim que insisto em não encontrar…porque? Como se procurasse no meu âmago, restos…resquícios da vida de outra pessoa que sei que fui ou que poderia ser…procuro, procuro mas não encontro…e pareço um cão estupidamente atrás do seu rabo…deixo o ar entrar nos pulmões…mas asfixio a minha mente com sucessivos pensamentos e sensações…que raio…sei que busco algo…mas não sei o que…tento recriar essas sensações de vidas diferentes no meu dia-a-dia…pelo menos sempre que posso…mas não sabem ao mesmo…a imaginação teima em ser mais rica que a realidade…que buscas tu, mulher? Sem que tu mesma o saibas? Encontra lá isso se faz favor que eu quero ser livre...

quarta-feira, março 07, 2007

About...O Labirinto do Fauno


Ainda não consigo articular frases de uma forma coerente...a minha mente está em ebulição a tentar analisar e categorizar toda a mais pequena emoção que surge à medida que revejo as imagens que guardei...imagens variadas...de alegria, de solidão, de conforto, de sofrimento...de ilusão e realismo...ri...chorei...e nem sei como estou...uma história em que a magia dos contos de fadas coexiste com a crueldade da vida real...uma viagem fantástica que não deixa ninguem indiferente...ninguém que tenha ainda dentro de sí uma criança...quem quiser embarcar no comboio dos sonhos, que o faça...e pode escolher o final...o seu final...

segunda-feira, março 05, 2007

Me and Myself...


Why do you go on?
Knowing there is no hope
Not in you…not anywhere…

There will not be
Another hour, another second
All is lost in the depth of you
And me…

I can see clearly
What you seek to conceal
But it’s a desperate ordeal…
I know that, and also do you!

But you’re unwilling to admit…
Why don’t you just rest in me?
And we can both disappear
In the mist of ourselves…

Both you and me….
Both myself and me…

Angel...by Sarah McLachlan


Spend all your time waiting
For that second chance
For a break that would make it okay
There’s always one reason
To feel not good enough
And it’s hard at the end of the day
I need some distraction
Oh beautiful release
Memory seeps from my veins
Let me be empty
And weightless and maybe
I’ll find some peace tonight



In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort there


So tired of the straight line
And everywhere you turn
There’s vultures and thieves at your back
And the storm keeps on twisting
You keep on building the lie
That you make up for all that you lack
It don’t make no difference
Escaping one last time
It’s easier to believe in this sweet madness oh
This glorious sadness that brings me to my knees


In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort there
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort here

domingo, março 04, 2007

Alguém que me ajude!?! Ninguém tem por acaso uma recarga de esperança? A minha acabou e não consigo viver assim...sinto-me vazia e estéril, como se o mundo tivesse deixado de fazer sentido para mim...tudo para mim passou a ser monocromático...sem sabor, sem cheiro, sem vida...tento fugir de mim mesma o mais que posso para não sentir...tento pensar em tudo o que me possa distrair-me daquilo que sou...mas não vale a pena...querem que eu faça o que? Me ajoelhe e admita aos céus que não sou nada? que não presto? que não valho sequer um cabelo da pessoa mais miserável deste mundo ? E quem diz que não o fiz já centenas, milhares de vezes? Biliões de vezes me perguntei porque ainda respiro...e ainda assim respiro...só quero ser feliz...só isso...será isso tão impossível??!?

'I wanna be numb
I don't wanna feel this pain no more
Wanna lose touch
I just wanna go and lock the door
I don't wanna think
I don't wanna feel nothing
I wanna be numb
I just wanna be
Wanna be
Taken away from all the madness
Need to escape
Escape from the pain
I'm out on the edge
About to lose my mind
For a little while
For a little while
I wanna be numb '

sexta-feira, março 02, 2007

Grave...


No frio espectral da noite, corro que nem louca por entre caminhos que não conheço...tropeço constantemente nas raízes profundas que formam um tapete surreal...um caminho para o meu destino final...apesar da bruma cerrada, consigo distinguir um portão, com grades altas...e abertas...entro a passos rápidos, atraída por algo magnético que me não me deixa forças para fugir...sei perfeitamente para onde me dirigo...mas não para o quê...e estaco...no meio de ervas distribuídas ao acaso, vejo a pedra enegrecida da humidade...uma lápide com o meu nome escrito...Sim, morri e não sei...é como me sinto...Sou um fantasma do que fui e do que poderia ser...talvez até mais do futuro que do passado...agora que me lembro, no livro 'Christmas Carol' de Charles Dickens, o fantasma mais aterrador...aquele cuja presença automaticamente aniquila todo o oxigénio existente é sem duvida o fantasma do futuro...é algo disforme...sem salvação...é a imagem que vejo no espelho, quando me olho...talvez a minha seja mais colorida, mas a essência é, fundamentalmente, a mesma...Os deuses quando me criaram, foi com toda a certeza para o sofrimento, para a morte...não para a felicidade...essa é-me roubada vezes sem conta, cada vez que paro e olho para o que sou...e para o que poderia ser... sinto-me como um livro que já conheceu a alegria de ser folheado e que agora jaz sozinho num canto, esquecido...porquê? Não sei...não sei para que me criaram...para me ser roubada a felicidade? Para observar a dos outros mas não poder viver a minha? Para ser sentenciada a uma morte lenta e dolorosa? Espero que um dia eu possa finalmente juntar-me a mim mesma na minha campa...rápido...que já nada mais vale a pena...

terça-feira, fevereiro 27, 2007

...<>...<>...



Parece que a vida parou…não avança, não recua, não nada, simplesmente estacou. Respiro, como, penso mas como num filme em pausa, o exterior vive…o interior ficou paralisado. Pergunto-me porque e não consigo encontrar resposta por mais que procure…talvez não deva encontrar a resposta ou talvez ela esteja mesmo à minha frente. Só sei que neste momento sinto-me estúpida…incrivelmente estúpida, como se não existisse pessoa no universo mais estúpida que eu…para quê continuo eu? Para quê? Se nada muda, nada acontece…as vezes quando via filmes sobre o espaço, onde uma personagem se afastava da nave dentro de um fato espacial, arrepiava-me sempre…imaginava-me na mesma situação e na agonia que seria se, por algum acaso do destino, a ligação que me ligava à nave desaparecesse… o que seria o vaguear, viva, na posse de todos os meus sentidos, pelo infinito do espaço…a solidão, o silêncio, a apatia…e chagava sempre à conclusão de que a inexistência era a melhor opção de longe…quem quer viver uma vida parada? Estagnada? Em que percepcionas o teu futuro como uma equação linear? Talvez tu queiras…e fazes bem…mas eu não...Saberás tu por acaso onde está o 'PLAY'? Ou tenho que ir devolver o aparelho?

domingo, fevereiro 11, 2007

Será




Acordes, notas… cheiro a musica… cheiro o aroma dos pianos… do pano verde que põem por cima deles... das tábuas de madeira do chão rabugento… cheiro o bulício do inicio das aulas, pessoas, crianças e adultos, a correr para conseguirem entrar na sala a tempo de assistir à aula…e cheiro também o silêncio que fica quando todos se foram já embora e eu espero por alguém…que saudades… sim… quem diria que também a musica tem cheiro… sinto falta disso… quando ficava sozinha era como tudo aquilo fosse meu… eu entrava sorrateiramente no grande hall e olhava para o palco… o piano chamava por mim… o piano… a musica… não sei… algo me dizia que eu pertencia ali, que precisava de um sitio daqueles para ser eu… para ser todas as pessoas que sou…para não ser… revejo tudo como num sonho, envolto em sépia, e pergunto-me… será que há ainda lugar para mim naquele mundo de fadas e elfos? Será?

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Não saio de casa!!!

Hoje é 29...bem, não sei se o número em sí conterá algum segredo, alguma mística associada...não sei se é do dia de semana e não do dia do mês...será por ser Janeiro? Mas parece que hoje os céus e terra se juntaram para me tornar o dia difícil...senão difícil, pelo menos caricato...Comecei bem...Sem saber que lá fora chovia, vesti-me com uma saia e sapatos...como calculam é um vestuário e calçado super adequado ao tempo invernoso que atravessamos...Bem, a esse pormenor sobrevivi...depois, em pleno caminho para o trabalho, ora de fazer aquaplanning...está bem que também já tinha algumas saudades, mas no presente contexto da minha vida é de arrepiar a espinha por breves segundos...Quando vinha a chegar, percebo que estou a ficar sem gasolina...ora de ir à bomba (que pelo menos não estava fechada)...depois de atestar o deposito vejo que a roda da frente do carro estava colada ao degrau da bomba...resigno-me com a realidade e entro no posto para pagar...pois então...o cartão não funciona...o homem passa tanta vez o dito no aparelho que pensei que o cartão já se teria desfeito...mas lá resistiu...chego finalmente ao meu posto de trabalho...entro, arrumo as coisas, cada coisa no certo e decido ir à casa de banho para poder finalmente começar a trabalhar...quando entro na casa de banho, viro-me para o espelho e constato que afinal, por artes que desconheço, a pequena racha da minha saia aparenta agora ser um rasgão quase de uma ponta à outra...que bom, não? Ainda em pleno estado de choque, quase a necessitar de intervenção do INEM para uma reanimação, sinto o dedo a prender-se algures nas meias...YES!!! Mais uma unha partida!!!! Bem...vendo por o lado positivo, eu podia ter conseguido dar cabo das meias...e lá aguentaram esta investida...pergunto-me é por quanto tempo mais...até porque, sendo realista...ainda tenho muitas horas e minutos e segundos pela frente...

terça-feira, janeiro 23, 2007

States




Epá...já é tarde...já passa 11 minutos da meia-noite...menos 11 preciosos minutos que vou dormir...ai que até me dói na cornadura...a esta hora, em que debato com realidade de que em menos de 7 horas vou ter que acordar e enfrentar a realidade de que durante_a_semana!=dormir_bem, tenho uma amiga nos states, possivelmente a olhar pela janela a ver os flocos de neve pousarem levemente na cabeça de algum esquilo atrevido...sim...porque atrevidos são...e com um sol radiante a emoldurar os céus...e agora, se houver alguma coisa a emoldurar os céus por estas bandas, só se for uma nuvem carregada de alguma coisa (há quem diga agua pura, eu diria mais água de questionável qualidade)...bem...tb há a lua...mas essa, bem ou mal, está sempre lá pregada. Lembrei-me agora de uma noticia recente sobre um meteorito que caiu, penso que algures nos estados unidos...mas também tudo acontece lá...são terramotos, são erupções, são tornados, são incêndios...aqui, se tivermos sorte lá apanhamos com uns ventintos que dão, quando muito, para escangalhar o guarda-chuva...mas é obvio que isso nunca impede a protecção civil de emitir 60000 mil alertas sobre as perigosas manifestações climáticas que vamos atravessar...temos que dar o desconto, eu sei...eles também quase nunca têm alguma coisa para fazer e assim sempre se vão entretendo...mas acho piada...em Portugal, emite-se um alerta de mau tempo e o resultado são alguns pingos de chuva mais grossos (com aquaplanning à mistura) e, com ajuda de umas sarjetas sempre sujas, lençóis de água a que, com benevolência, chamamos de inundações...nos estados unidos, emitem-se alertas e vêem-se vacas e camiões TIR a voar...aquilo é que é emoção radical...pensando bem, vou avisá-la que é melhor andar de guarda-chuva...nunca se sabe o que cai dos céus...

domingo, janeiro 21, 2007



Os meus olhos começam a fechar-se... cansaram-se de lutar. O calor indolente da tarde envolve o meu corpo num torpor avassalador, doce como as tardes do antigamente em que me entregava ao embalar do ponteiro do relógio. Teremos nós perdido esse segredo? Essa capacidade de viver os segundos sem pensar, sem racionalizar, sem ânsia de os perder? Por vezes sinto-me como uma criança, no meio de um mar de outras crianças... a determinada altura, trazem um bolo para cada uma…eu fico à espera que as outras o provem para perceber se é bom…o meu faro felino diz-me que sim, mas a minha duvida cartesiana aconselha-me a deixar que outros o provém, que o testem…e as crianças tiram bocados, saboreiam, e as suas caras denunciam a inegável satisfação que sentem…nesse momento, eu percebo que guardo um tesouro, algo indescritível…e agarro-me com toda a força ao bolo, com medo de perder uma migalha que seja…o tempo passa, e o bolo permanece…sem ser tocado, sem ser comido…até que começa a deteriorar-se…mas eu continuo numa obstinação cega que me impede sequer de perceber que tenho em meu poder a última oportunidade de saborear o que resta daquela riqueza entregue a mim…e assim, perco tudo…quando finalmente acordo, o bolo já não é bolo…já não é prazer, já não é satisfação…é apenas uma memória do que poderia ter sido e não foi...